domingo, junho 28, 2009

o perfume da roupa lavada...

Acho que nunca aqui contei que adoro o cheiro da roupa lavada… Não sei porquê, mas a roupa de algodão bem lavada põe-me em sintonia com o mundo… em estado de graça… Uma montanha de roupa lavada, passada e perfumada pode ser tão bom como um manjar de deuses… tão mágico como quando o melro sai de seu ramo habitual das sete da manhã, e vem cantar na janela do meu quarto com o ar familiar de um amigo que tem direito a entrar, sem avisar que vem ver-me… É tão bom o cheiro da roupa acabada de passar como entrar num café no momento que começa a tocar a minha canção favorita... É um momento parecido com aquele em que o sol se põe obliquo sobre um rio de prata… ou uma traineira colorida atravessa o horizonte apressada porque é tarde para voltar ao porto... Quase como quando vejo um homem com espuma de barbear correr a esconder-se como um menino depois de me ter dado um beijo que me deixou uma nuvem de espuma na face... Talvez seja tão bom como quando vou comprar biscoitos de dieta para gatos naquela clínica veterinária em que me atende o clone do Harrison Ford… Parecido com enrolar-me no cachecol de lã branco inglês que me deram este Inverno e que se adere à pele com uma suavidade inacreditável… Assim como se o mundo cheirasse a caramelo acabado de enrolar em nuvens de algodão doce e caminhássemos sem parar pela cidade dos beijos...
BEIJO MEU PARA TI !
BEIJOS!!

quarta-feira, junho 24, 2009

Os 100 anos do café Piolho... Parabéns!

Piolho para os amigos, é um dos cafés mais antigos do Porto. De seu nome Âncora D`Ouro, a funcionar desde 1909, foi rebaptizado por estudantes de Medicina que acharam Piolho mais apropriado. É uma das referências do Porto, quer pela sua história (que se lê através das mensagens dos estudantes afixadas nas paredes) quer pelas suas tertúlias de diversas gerações, local de encontro de estudantes associativistas resistentes à ditadura.
A 26 de Junho de 2009 o Piolho comemora 100 anos.

Pequeno Peter Pan como cresceste!
As causas nobres, que já venceste!
Onde estão os dias de brincadeira
e as longas noites de amena cavaqueira...
Os sonhos esconderam-se...
Mas de que maneira?
Como um pássaro livre fugiste um dia
por entre pombas para outra cidade.
Na busca de esquecer a filosofia,
o amor a religião, uma boa conversa.
O vinho repartido um ou outro
desejo reprimido...
Sem esquecer o fogo da liberdade...
Os beijos não se perdem meu amigo,
guardam-se no coração,
como os abraços e aquela canção...
Nesta cidade que perdeu a Primavera,
querido amigo... minha alma te espera
para compartilhar uma nova era
a filosofia... o amor... fugidos à morte...
Aqui, deitados à sorte...
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!

sábado, junho 20, 2009

Miróbriga


Regressada de umas breves férias que me levaram a Miróbriga a cidade de origem celta povoada desde o século IV AC que os romanos colonizaram e transformaram desde o século II AC… Estrategicamente situada perto do mar e na encruzilhada dos quatro caminhos da rosa dos ventos Oeste a Este (Sines a Beja) e Sul a Norte (Lagos a Alcácer do Sal), Miróbriga foi uma cidade de peregrinação e de grandes romarias, talvez um santuário rural…. A sua origem celta faz-me sonhar que suas gentes pediam a cura a Endovélico e mais tarde a Esculápio os deuses celta e romano da Medicina… Na verdade foi encontrada aqui uma ara votiva a Esculápio um deus menor de Roma muito querido dos povos peninsulares… pelo menos aqui residiu um médico pois encontrou-se uma colher de cirurgião e outros instrumentos… No século XVI foi construída a Norte sobre as ruínas, a capela de S. Brás o santo mártir decapitado que se comemora a 3 de Fevereiro, e que arrancou um espinho da garganta de uma criança e assim a salvou…
Uma visita pelas suas ruínas e percorrendo as suas belas calçadas de xisto, levam-nos ao fórum a imponente praça em terraço e socalcos o centro político e religioso da cidade onde se encontram um templo a Vénus e outro dedicado ao culto imperial . A zona comercial que o rodeia a Sul com as suas lojas (tabernae) fazem-nos recordar o movimento que apresentava a cidade nos seus dias de glória… com a sua hospedaria de belos frescos. Os dois edifícios de diferentes cronologias das termas muito bem conservados, apresentam os compartimentos usuais destas construções: zona de entrada, zona de banhos frios - "frigidarium" e zona aquecida - "caldarium e tepidarium". O pavimento das salas era coberto de mármores, sendo as zonas quentes aquecidas pelo sistema de hipocausto, por onde circulava o ar quente... Uma ponte de um arco de volta inteira e o único hipódromo conhecido no país, destinado a corridas de carros puxados por dois ou quatro cavalos, situado a cerca de 1km da cidade- dividido ao meio pela "spina" com uma meta em cada extremidade em que não se encontraram vestígios de bancadas, que deveriam ser construídas em madeira, contam-nos do movimento e das festas que a cidade organizava... Miróbriga torna-se assim uma cidade célebre, sobre a qual escreveu Plínio o Velho, o sábio historiador romano do século I .
Classificado desde 1940 como imóvel de interesse público ligado ao Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico desde 1982, o sítio arqueológico de Miróbriga o "castelo velho" de Santiago do Cacém, aguarda e merece ser considerado Monumento Nacional.
Encontra-se em pleno funcionamento o Centro de Acolhimento e interpretação, construído pelo IPPAR.
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!!

quinta-feira, junho 04, 2009

FÉRIAS....!

Preciso encontrar a razão
de meus impulsos...
Recuperar minhas forças,
o meu bem querer,
minhas dúvidas e certezas...
Reconquistar a minha alma,
reconstruir o meu ser...
Encontrar a inspiração,
as palavras... os sonhos,
escrever sem cair na solidão...
Quero saber quanto abarca
a imensidão do mar...
Entretanto...
Carpe Diem!
Que eu prometo voltar...
 obrigado
BEIJO MEU PARA TI!
BEIJOS!!!

segunda-feira, junho 01, 2009

Aos Olhos De Deus, leitura de Junho

AOS OLHOS de DEUS passa-se em 1514 o ano em que D. Manuel I decide enviar ao Papa Leão X uma grande embaixada com as riquezas trazidas das descobertas dos portugueses no Oriente para demonstrar o seu poder. A narrativa desenvolve-se desde a chegada das naus que para além de tesouros traziam animais exóticos de África e da Índia que nunca ninguém tinha visto. O momento do desembarque, torna-se um misto de curiosidade e pânico que atravessa todas as classes sociais, o povo, a nobreza e o clero. Todos eles reagiram da mesma forma quando pela primeira vez viram um elefante. Enquanto observam do Paço a construção do Mosteiro dos Jerónimos (cuja primeira pedra fora lançada a 6 de Janeiro de 1502) e que D. Manuel I queria transformar no símbolo do seu poder absoluto, o rei, encarrega D. Diogo Pacheco seu amigo pessoal, de escrever e proferir a oração de Obediência ao Sumo Pontífice, o momento alto da embaixada a Roma. D. Manuel I, tinha um espírito empreendedor e uma extraordinária sageza política, mas era inculto e mal sabia falar ao povo e à corte. Por seu lado, Giovanni Medici, o Papa Leão X, elevado à condição de bispo em segredo aos 14 anos, pelo Papa Inocêncio VIII, sofre a influência política e o gosto pelo fausto da sua familia. O gosto pelas mulheres formosas, pelo fausto e pela luxúria para além de ambos terem um aspecto físico horrendo são as únicas afinidades entre D. Manuel I e Leão X. Em tudo o resto, nomeadamente o gosto pelo saber, nada tinham em comum. A comitiva parte de Lisboa em cinco embarcações com o seu tesouro valiosíssimo e após atribulada viagem o cortejo chega a Roma onde é recebido sumptuosamente pelas figuras profanas e religiosas da época. Este fausto contrasta com as condições de dor e miséria do povo. A narrativa conta-nos o amor de D. Diogo e Raquel Aboab uma jovem judia que ele salvou da fogueira num auto de fé em Lisboa, em que seus pais foram mortos. Entre a fé e a cegueira do poder, a aparência e a essência da condição humana, o sentido de missão e a vaidade, só o amor poderá ser redentor. Aos olhos de Deus as personalidades da história não ficarão impunes.
Tal como Rosa Brava, este romance de José Manuel Saraiva não me decepcionou e foi uma leitura aliciante.

AOS OLHOS de DEUS, José Manuel Saraiva, Oficina do Livro, Lisboa , 2008
BOA LEITURA!
BEIJOS!!